"Pesquisa " Teste de Marshmallow
- Essenciali Centro de Beleza
- 11 de abr. de 2016
- 4 min de leitura

O cérebro humano é, talvez, a máquina mais complexa que se tem investigado, os fatores genéticos, neurológicos, ambientais e situacionais que resultam em comportamento humano, especialmente na área psicológica, são pontos importantes que nos permitem entender o motivo de termos este ou aquele comportamento diante às situações apresentadas.
Existem alguns destaques experimentais que servem de base para muitos estudos psicológicos. Um deles é o famoso teste do marshmallow , criado por Walter Mischel, na Universidade de Stanford. Sendo que o teste foi baseado em suas observações feitas em suas filhas.
Na final dos anos 60, Mischel tinha três meninas com idades entre 2 e 5 anos. Como muitos pais provavelmente notam, muitas mudanças acontecem no comportamento das crianças por volta dos 4 anos. Quando uma das suas filhas fez 4 anos, ela adquiriu repentinamente a capacidade de retardar a gratificação imediata. Andando no mercado, a menina fazia um escândalo porque queria alguma coisa e tinha que ser na hora. Depois dos 4 anos, passou a entender que se esperasse ao chegar em casa, poderia negociar algo melhor. Mischel observou esse tipo de autocontrole acontecer com todas as suas filhas, como se estivessem programadas pra isso.
Baseado nestes pressupostos Mischel começou seus estudos com conotação cientifica, sendo que a primeira série de tais estudos foi publicada em 1972, onde o psicólogo criou o famoso “Teste de Marschmallow”, sendo que o mesmo media o autocontrole e a capacidade de adiar recompensas. Um grupo de crianças recebia um prato com um um delicioso “marshmallow” (um tipo de doce, muito apreciado por lá), com a seguinte explicação: “Você pode comer o doce a hora que quiser, mas se conseguir resistir por 15 minutos e não comê-lo, ganhará dois doces” .
O pesquisador retirava-se da sala e deixava a câmera filmando as reações das crianças. Ao analisar os vídeos de seu experimento, Mischel chegou à conclusão de que: as crianças que conseguiram resistir ao marshmallow apresentaram uma estratégia de atenção. Ao fechar os olhos, esconder-se debaixo da mesa ou cantar uma canção, essas crianças estariam tirando o foco da tentação. Elas eram capazes de distrair-se pensando em outra coisa ou praticavam outra atividade como forma de adiar a recompensa por mais tempo. Mischel estava inicialmente interessado nos vários estilos cognitivos que as crianças iriam usar para adiar a gratificação e obter mais sucesso.
O que podemos concluir a partir deste estudo é que algumas crianças apresentaram melhores estratégias e eram mais capazes de controlar seus impulsos imediatos para uma recompensa de longo prazo. O estudo não demonstrava se essas habilidades foram aprendidas ou eram inatas.
Das 600 crianças participantes, somente uma minoria comeu o doce imediatamente. E cerca de um terço das restantes conseguiu resistir à tentação durante os 15 minutos e ganhar o segundo “marshmallow”. Mas este não foi o fim do teste, pois Mischel acompanhou o crescimento dos participantes procurando verificar de que forma suas vidas foram se estruturando. Em um posterior estudo de 1989 ele descobriu que:
As crianças que aos 4 anos de idade conseguiram atrasar a recompensa, durante seu crescimento, mostraram-se adolescentes mais competentes tanto cognitivo quanto socialmente, alcançaram maior desempenho escolar e evidenciaram lidar melhor com a frustração e o estresse. Também, observou-se que mais tarde, estas crianças foram mais bem sucedidas na escola, nas suas carreiras, nos seus casamentos e na vida. Este simples teste tinha profundas implicações no mundo real, e isso é um dos fatos que o torna um dos mais famosos dentro da área psicológica.
Outros pesquisadores apontaram para outra linha de pesquisa: o desempenho no teste de marshmallow prevê o índice de massa corporal 30 anos mais tarde.
Outra série de estudos descobriu que as crianças mais velhas são mais capazes de adiar a recompensa do que as mais jovens (nenhuma surpresa), porém quanto maior a recompensa, mais a criança se esforça para poder alcançá-la (assim recompensas realmente grandes resultarão em grande capacidade de adiar a gratificação). Em outras palavras, até as crianças passam por um cálculo mental de despesa e recompensa e são capazes de adiar a gratificação se a recompensa é grande o suficiente.
Psicólogos consideram a capacidade de autocontrole e recompensa adiada como parte importante do que é chamada de função executiva, a função do lobo frontal, que é o controle do comportamento, onde estratégias de decisões de longo prazo demonstram controle sobre o comportamento de manter e atingir metas. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) apontam para um déficit na função executiva. Portanto, não é surpreendente que as crianças com TDAH apresentem pior desempenho no teste do marshmallow.
De fato, os resultados que Mischel para aqueles que não conseguiram adiar a recompensa, futuramente mostraram-se pessoas com TDAH – onde apresentaram dificuldades acadêmicas, na carreira, no casamento, enfim, na vida.
No entanto, os estudos com este teste ainda continuam, por exemplo: pesquisadores observaram que exercer autocontrole em uma área diminui o autocontrole em outras, é como se as pessoas gastassem um reservatório finito de autocontrole. Mas outras linhas de pesquisa apontam que o teste de marshmallow pode ser uma combinação de personalidade inata com o comportamento aprendido, a partir do ambiente. Enfim, este é um estudo que não se esgota e terá sempre interessantes pesquisas relacionadas a ele.
Fonte: Neurologic.blog